All Blacks arrasam França a caminho das "meias"
Oito anos depois da humilhante derrota às mãos de franceses neste mesmo palco no Mundial de 2007 (20-18), os neozelandeses vingaram-se - e com juros - esta noite, em Cardiff, ao cilindrarem a seleção de Philippe Saint-André (que assim se despede, quatro anos depois de entrar, sem glória, distinção ou títulos do comando dos gauleses, indo ser rendido por Guy Novès já em novembro), por 62-13, alcançando nove ensaios - com hat-trick de Julian Savea, que já leva oito na prova -, naquela que passa a ser a maior diferença de sempre em jogos a eliminar em Mundiais - e também o mais volumoso número de pontos concedido pela França em test-matches, ultrapassando os 61-10 sofridos contra os neozelandeses em 2007!
Assistiu-se a um show neozelandês frente a um grupo de franceses sem coletivo, sem classe, sem alma... e sem voz de comando, já que a revelada revolta de balneário dos jogadores, esta semana, os fez atuar em autogestão.
O jogo começou num início arrasador dos All Blacks que já não augurava nada de bom para o adversário, construindo um conjunto de ações de ataque de grande dinâmica e espetáculo, que acabariam por não redundar em ensaios, mas permitiram que Dan Carter abrisse o ativo aos 6 minutos (3-0).
Scott Spedding igualou logo a seguir na primeira vez que os franceses conseguiram respirar. Mas logo aos 11 minutos azar bateu à porta dos gauleses quando os 2 metros e 4 cm de Brodie Retallick carregaram um pontapé de Michalak. O melhor jogador do mundo em 2014 teve sorte no ressalto e fazia o primeiro ensaio, com o abertura francês a sair do relvado lesionado no lance, numa coxa (10-3).
As vagas de ataque dos homens de negro sucediam-se em impressionante cadência comandadas pelo génio de Daniel Carter, de regresso às grandes exibições. E até ao intervalo Julian Savea, por duas vezes - a última num lance fantástico em que imitou Jonah Lomu nas meias-finais do Mundial 95, atropelando três rivais rumo ao ensaio - e Milne-Skudder (que demolidoras trocas de pés...) distanciavam os All Blacks. Com Louis Picamoles (ontem o menos mau dos franceses, apesar do amarelo na 2.ª parte que penalizou demasiado a sua equipa) ter feito o ensaio de honra francês, para 29-13 no descanso.
O 2.º tempo foi ainda mais penoso para Dusautoir e companheiros, pois a Nova Zelândia aumentou o ritmo de jogo (como era possível?) e praticando um râguebi que de momento não está ao alcance de nenhum dos seus rivais, desatou a rasgar clareiras na defesa da equipa ontem alinhando de vermelho (seria para cativar os galeses que equipam da mesma cor?). E ensaios de Kaino, Savea - completando o terceiro "hat-trick" da história em jogos a eliminar em Mundiais após o sul-africano Chester Williams e o grande Jonah Lomu -, Read e um bis do entrado médio de formação Kerr-Barlow concluíram a vingança perfeita de All Blacks em verdadeiro estado de graça.
E num modo glutão que deve assustar a concorrência.